Capitulo
2
O despertador toca, Leo o desliga e
se levanta, inicia o que se tornará sua nova rotina de agora em diante. Logo
fica pronto, e desce para sala de estar, escuta barulhos vindos do quarto de
seus pais, o que significa que eles também já haviam acordado. Seu pai era
engenheiro civil e sócio de uma conceituada construtora, a pouco tempo havia
negociado e organizado a abertura de um novo escritório, motivo esse pelo qual
decidiu deslocar toda sua família para aquela cidade; Sua mãe era medica
pediatra, a algum tempo não exercia sua profissão, mas logo que soube a cidade
que estavam indo, fez alguns contatos e iria conhecer uma clinica a qual havia
sido indicada.
Ao descer percebe que a mesa já
esta posta para o café da manhã, senta-se e aguarda os pais descerem, o que não
demora muito:
-Bom dia meu amor, dormiu bem?
-Bom dia mãe, dormi sim e você?
-Não muito bem Leo, logo mais vou
até a clinica que a Rosana me indicou, fiquei um pouco ansiosa, afinal faz uns
5 anos que não pratico.
-Relaxa mãe, certeza que vão adorar
você, tem anos de experiência, além do que, por mais que tenha ficado afastada
todos esses anos, esteve sempre em atualização, participando de conferencias,
cursos.
-Sim meu filho, mais nada isso
substitui a pratica do dia a dia, nessas horas ela conta e muito.
Bruna teve uma longa noite, passou
a maior parte do tempo pensando no seu filho, na situação que ele estava e como
ele devia estar sofrendo, e o pior, o quanto ela havia se afastado dele, nas
longas horas pensando havia resolvido que de agora em diante estaria do lado do
filho, mesmo que isso significasse não estar do lado de Eduardo.
-Bom dia Bruna!
-Bom Dia amor.
-Bom Dia Leonardo.
-Bom dia pai.
Eduardo não se sentia bem com toda
essa situação, morria de vontade de abraçar o filho de lhe dizer o quanto
amava, nunca tinha sido assim com o ele, sempre tiveram uma relação harmoniosa,
carinhosa e acima de tudo respeitosa. Mas seu orgulho e preconceito estava
destruindo tudo, o afastando, desejava agir de uma outra maneira, de tomar
outras atitudes, mais instintivamente agia de maneira rude e intolerantemente.
-Bruna, hoje eu vou visitar algumas
obras que já possuíamos aqui e resolver uns últimos trâmites da abertura do
novo escritório, volta pra casa para
almoçarmos e depois retorno para o escritório, você quer que eu compre algo,
que pegue o Leo na saída da escola?
-Não Duda, voltarei a tempo para
pega-lo, vou aproveitar para ver uma pessoa para trabalhar aqui em casa, já que
voltarei a trabalhar não terei muito tempo para cuida de casa, Leo me espere na
saída da aula, tudo bem?
-Sim mãe.
-Filho, ansioso para conhecer a
nova escola.
Leo estranha a pergunta do pai,
afinal a 6 meses ele o trata da pior maneira possível;
-Um pouco pai, estou me sentindo um
pouco desconfortável.
-Desconfortável, por quê?
-Porque estou no ultimo ano, em uma
cidade nova, com pessoas novas, estou me sentindo um intruso sendo inseridos em
uma realidade que não é a minha, afinal todos eles já viveram uma historia
juntos até chegarem onde estão.
-Bobagem, logo você se enturma,
quer dizer a menos que ele saibam que...
-Saibam o que pai? Vamos continue.
-Eduardo por favor – Intervém Bruna
na esperança de acabar com o inicio de discussão.
-Não mãe, deixe ele terminar,
afinal pelo jeito esta com isso engasgado, vamos pai termine sua frase.
-VIADO.... é isso que estou
engasgado, não aceito ter um filho Viado.
No fundo Leo sabia o que seu pai
queria dizer, sabia que havia se feito de forte quando soube, que sua aversão
em conversar sobre o assunto significava apenas uma coisa, tinha preconceito
contra o próprio filho, que as convenções que a sociedade o empunhava era bem
maior que os laços que os ligavam.
-Então é assim como você me vê pai,
um viado, é esse o sentimento que vem nutrindo por mim.
-Leonardo, entenda não é fácil para
um pai saber que o filho que ele tanto esperou, que ele vez planos, que encheu
de amor, de uma hora pra outra se torna ao contraio de tudo aquilo que você
sonhou.
-Acontece que continuo sendo esse
filho que você tanto esperou que você tanto amou, desculpa se não correspondo
com aquilo que você sonhou, com aquilo que você planejou...
-Eu quero netos, ser chamado de
avô...
-Eu quero ser EU, livre das pré-definições
que você impõe a mim.
-Você não sabe o quanto esta me
fazendo sofrer..
-Sofrer... se tem alguém aqui que
sofreu e sofre sou eu; Você não tem noção das noites em que chorei sozinho no
quarto, rezando para que ele me curasse, com medo do que você pensaria, de como
seria tratado, pensando que iria para o inferno, querendo desesperadamente me
apaixonar por uma menina, para que tudo isso passasse logo.
-Filho, você nunca havia dito isso
– Diz Bruna pouco antes de cair no choro.
-Não disse mãe para não fazer com
que sofressem, para não destruir a imagem que tinham de mim, como hoje posso
ver que foi destruída, não porque mudei, ou porque fui falso todo esse tempo,
mas porque colocariam o “rotulo de gay” a frente de tudo isso.
-Não meu filho pra mim você
continua sendo meu Leo, meu filho amado, e de agora em diante, nunca mais
chorará sozinho – Diz Bruna abraçando o filho - estarei aqui meu amor, para
tudo que você precisar, lutaremos se for preciso, choraremos, juntos... como
deve ser.
-Obrigado mãe, senti saudades; Pai
hoje sei porque Deus nunca me escutou, ao menos achei que não me escutava, sei
porque ele nunca me curou, porque não há nada de errado comigo.
Eduardo não se contem rompe em
choro, pega sua pasta e sai em direção ao seu carro, com o qual parte para seu
dia trabalho. Bruna e Leo se recompõem das emoções dos últimos acontecimentos e
também partem para seus destinos. Léo não tira da cabeça a expressão de raiva
de seu pai, ao mesmo tempo não acredita que teve coragem de falar tudo que
queria para ele, e sente La no fundo que conseguiu tocar o pai.
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