Capitulo
4
Eduardo não conseguia esquecer o
rosto do filho, sua expressão de supressa misturada com um tanto de
desapontamento, foi umas das piores combinações que já tinha presenciado. Seu
filho, seu único filho, achando o pai um monstro.
Momentos passados na infância de
Leo vinham a sua mente, os primeiro passos, as primeiras palavras, a primeira
bola de futebol que havia dado ao filho. Eduardo sempre fez questão de estar
presente em todos os momentos do desenvolvimento do filho, e agora estar longe
em dos momentos mais críticos que o filho passava, doía muito.
Eduardo não conseguia admitir que
seu filho, seu tão amado e esperado filho, tenha ser tornado aquilo, onde será
que ele havia errado, será que o filho havia passado por algum tipo de situação
que tenha moldado sua opção, ou seria os amigos que o havia influenciado para
tomar esse caminho; Uma ideia passa por sua cabeça, talvez se ele descobrisse o
motivo que o levou a isso poderia fazer com que o filho voltasse a ser o que
era.
Chega em casa decidido a ajudar o
filho a sair daquela situação, e para isso começaria tendo uma conversa com ele
para buscar os fatos que o levou a isso:
-Boa Tarde Bruna.
-Boa Tarde Du.
-Como foi a entrevista?
-Ótima, adorei a clinica, e acho
que eles gostaram de mim, falaram que me ligaram ainda hoje para dar a
resposta, estou ansiosa.
-Com certeza já é sua amor.
Logo em seguida Bruna vai à cozinha
para verificar se o almoço já havia ficado pronta, Leo houve a conversa
imaginando se o pai falaria com ele após a discussão que tiveram logo cedo:
-E você Leo tudo bem? Como foi o
primeiro dia?
-Estou bem Pai, gostei bastante da
escola – Responde Leo, meio ressabiado e direto.
-Que bom filho, será que mais a noite
quando chegar do trabalho podemos conversar?
-Claro pai, podemos sim – Leo fica
preocupado em pensar em outra discussão com o pai.
-Leo, Edu, o almoço está pronto.
Os três almoçam em paz, pela
primeira vez após muito tempo, todos ficaram muito mexidos sentimentalmente com
os últimos acontecimentos. Logo após o almoço Eduardo volta ao escritório,
Bruna termina algumas tarefas da casa e Leo passa o resto do dia em seu quarto
lendo alguns livros.
À noite logo após o jantar Eduardo
chama Leo para a tão esperada conversa.
-Filho, queria começar te pedindo
desculpas pelo o que eu disse, me deixei levar pelas emoções do momento.
-Você me magoou bastante pelo que
disse pai.
-Eu sei Leo, por isso mais uma vez
te peço desculpas, eu te amo tanto meu filho a ultima coisa que quero nessa
vida é perder seu afeto.
-Eu também o amo pai, e tudo isso
que tem acontecido não faz com esse amor diminua, deixa magoas... mas não
exclui o que sinto.
Eduardo abraça o filho, e se sente
bem em ter conseguido demonstrar a expressar o que estava preso em sua garganta
a tempos.
-Filho tudo bem se conversarmos
sobre o assunto?
-Sim pai, sem problemas.
-Leo, desde quando você se sente
assim?
-Pai eu não me sinto, eu sou assim,
percebi que minha orientação era diferente perto dos 13/14 anos, percebi que ao
ver meus colegas eu sentia algo diferente, algo que não sentia pelas meninas
por exemplo.
-Como assim filho, percebeu, você
passou por alguma experiência que te fez perceber isso.
-Ah pai... percebi... a principio
não sabia o que era – Disse Leo meio com vergonha de falar a palavra desejo –
Fui descobrindo com o passar do tempo, Pai o que o senhor quer dizer com
experiência que me fez perceber isso ?
-Leo, eu fico com vergonha em
perguntar isso, mas... alguém abusou de você?
-Não pai... que isso imagina...
-É imprescindível que me fale isso
filho, li um pouco e descobri que muitas dessas tendências surgem de
experiências traumáticas de abuso sexual.
-Não acredito que esteja me falando
isso... Pai não tive nenhum tipo de experiência assim.
-Mais deve ter tido algum tipo de
amigo, que o tenha mostrado como era, que tenha colocado essas ideias na sua
cabeça.
-Agora entendi o que o senhor quer
com essa conversa toda – Fala Leo se exaltando um pouco – que achar motivos,
justificativas, mas saiba que não.. não fui influenciado.. não fui estuprado...
eu nasci assim... o senhor não tem ideia da quantidade de vezes que eu rezei a
Deus para mudar pai... para que ele me concertasse...
-Calma filho, mas não é possível...
Você sempre recebeu a melhor educação que podíamos oferecer, viveu e vivi em um
ambiente saudável... Como se tornou assim?
-Pai, vamos parar por aqui, não
importa quantas vezes eu falo para ti, você já tem uma ideia formada, por mais
que eu fale o senhor sempre volta...
-Filho eu só quero entender...
-Não, você quer impor, quer
justificar... quando realmente quiser entender me chame novamente.
Leo em seguida segue para seu
quarto para dormi, evitando assim que a conversa tomasse o mesmo rumo da manhã.
Eduardo fica na sala pensando,
tentando entender tudo isso, buscando uma resposta logica.
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